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Magelanus III - Yes, we did it!



Yes, we did it! Foi o primeiro pensamento que me ocorreu quando avistei ao longe o perfil de Santa Lucia. Foi o Tiago quem primeiro avistou a ilha. Não gritou “TERRA!”, é rapaz de carácter reservado. Mas terá, porventura, tal como eu e certamente os outros companheiros de travessia, gritado para si próprio. Mas ouvi o silêncio. Ver terra depois de duas semanas e meio de mar, é um momento de emoção de difícil descrição. Chegáramos ao fim da “nossa” aventura. Mais tarde, já de noite, ao chegarmos a Rodney Bay, tal como à chegada de Cabo Verde, os “ Yellow Shirts” indicaram-nos com destreza, por VHF, como chegar ao nosso local de amarração. E, de repente, a voz da Niúsca fez-se ouvir… momento mágico para mim nessa noite (thank you guys!).

A recepção, na Marina de Rodney Bay pouco antes da meia noite, foi calorosa, mesmo se discreta, dado o adiantado da hora. Esperavam-nos dois “Yellow Shirts” e alguns representantes locais, com os prometidos cocktails e cesto de frutas tropicais, uma garrafa de Rum (excelente!) e, sobretudo o almejado “Certificate” de “Successful” travessia do Atlântico.

Esperavam-nos também, sem dúvida a melhor recompensa, a Isabel, mulher do João Blasques e a Niúsca. A alegria de as ver foi indescritível. Depressa abrimos a garrafa de Moet Chandon trazida religiosamente de Portugal pela Niúsca para a ocasião, que partilhámos em excitado cavaqueio sentados à ré do fiel Magelanus III, a quem não pude deixar de dar umas "palmadinhas nas costas”, com os simpáticos “Yellow Shirts” do ARC.

Soube mais tarde que o Magelanus III fora o último classificado da sua classe. Não estranhei o facto, pois sabia que a falta de pau de spi, que não nos permitiu navegar "em borboleta” com a genoa com o vento que predominou durante a travessia, nos afastava progressivamente da maioria dos outros participantes. Surpreendeu-me, no entanto, a diferença de utilização de horas de motor entre nós e grande parte deles. Mas tudo isso são pequenas histórias da Nossa História que acabáramos de escrever: atravessáramos, também esse mar “...nunca dantes navegado…” por nenhum de nós, nem pelo Magelanus III. Yes, we did it!

A todos, ao ARC, ao Allegro (nave irmã!), e, claro, especialmente ao Luís Vilela, ao João Blasques, ao Filipe Vilela e ao Tiago Brarens, assim como a todos os outros participantes, o meu obrigado. Como escrevo sempre no meu Livro de Bordo: “Os barcos não largam apenas dos portos… afastam-se levados pelo sonho…” (terá dito Bartolomeu Colombo, irmão de Cristóvão). Atravessar o Atlântico foi um sonho que realizei.

João Magalhães
(Magelanus III)

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